O santo que andou por aqui

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Há 40 anos os fiéis se despediam do padre Mariano, que mais tarde foi beatificado. A Paróquia São Sebastião, de Taquaritinga, foi sua primeira parada no Brasil.

Por: Nilton Morselli

Tramita no Vaticano o processo de canonização do padre Mariano de La Matta Aparício, sacerdote agostiniano que viveu e trabalhou em Taquaritinga no começo da década de 1930. É o último passo para que ele seja considerado santo e figure no hagiológio católico. O religioso espanhol nasceu em Palência, no dia 31 de dezembro de 1905 e morreu na capital paulista em 5 de abril de 1983. Viveu 52 anos no Brasil.

Ele foi beatificado no dia 5 de novembro de 2006, na Catedral da Sé. Foi o papa Bento XVI (1927-2022) que marcou a beatificação do padre, a quem é atribuída a cura de um menino de São José do Rio Preto. O garoto João Paulo foi atropelado por um caminhão em abril de 1996, durante uma excursão do Colégio São José para Barra Bonita.

Com fraturas na cabeça, traumatismo encefálico grave, paralisia do lado esquerdo e paradas respiratórias, o garoto foi intubado desde que chegou ao Hospital Santa Helena, onde permaneceu em coma por três dias. A família não tem dúvida de que foi um milagre. Em 72 horas, João Paulo não apresentava nenhum sintoma e um enorme hematoma simplesmente desapareceu.

O menino teria sobrevivido graças “às preces do padre Luiz Miguel, diretor do colégio na época, que pediu ajuda ao padre Mariano”. O processo de investigação, de 1.840 páginas, juntou 35 documentos e laudos científicos. A intercessão no caso do menino rio-pretense foi aprovada pela Santa Sé.

Padre Mariano é o primeiro beato da história da Paróquia São Sebastião, de Taquaritinga, e também da Ordem Agostiniana do Brasil. Ele foi ordenado padre no dia 25 de julho de 1930. Foi em Taquaritinga que o sacerdote espanhol começou a sua longa vida religiosa, no dia 21 de agosto de 1931.

A Paróquia de São Sebastião foi a primeira em que trabalhou no Brasil. Em 1933, foi transferido para o Colégio Santo Agostinho, na Grande São Paulo, para trabalhar como professor, secretário e ecônomo. Foi superior da vice-província agostiniano de 1945 a 1948.

Depois, no período de 1949 a 1960, trabalhou no Colégio Agostiniano de Engenheiro Schimidt, distrito de Rio Preto. Em seguida, voltou para São Paulo. Ele se dedicou com muito zelo às Oficinas de Caridade de Santa Rita de Cássia. Em Taquaritinga, as voluntárias da Oficina de Santa Rita confeccionam roupas para crianças carentes.

Na capital, o padre Mariano ficou conhecido como “Anjo dos Enfermos”, porque visitava doentes a bordo de um Fusca. Tinha especial predileção pelos pacientes internados no Hospital do Câncer. Parecia adivinhar que essa doença provocaria sua morte, depois de muito sofrimento.

Seu passatempo era cultivar flores. Os pilares de sua vida sacerdotal foram a Eucaristia e Nossa Senhora, a quem tinha muita devoção.

Graças – Os restos mortais de padre Mariano estão na Igreja de Santo Agostinho, muito visitada por doentes e devotos. Para pedir graças ao padre que trabalhou em Taquaritinga, a oração é: “Ó Jesus, Divino Salvador e Redentor nosso, que vos comprazeis em exaltar a humildade do coração, dignai-vos glorificar vosso humilde servo Pe. Mariano, que tanto trabalhou para dilatar vosso Reino, entre os pobres e humildes. Concedei-me, por sua intercessão, a graça que ardentemente solicito. (Fazer o pedido da graça e rezar três Glória ao Pai.)”

Em 20 de dezembro de 2004, o então papa João Paulo II assinou o decreto da Heroicidade das Virtudes do padre Mariano. Depois de se tornar beato, o próximo passo é a concessão do título de santo.

O segundo milagre atribuído ao beato seria a cura da gagueira de um menino de Monte Aprazível, após a mãe dele fazer a novena. O processo de investigação desse segundo milagre começou em 2015. Se comprovado, padre Mariano pode ser canonizado.

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